sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Uma singela Reforma...

Meu pai. A quem admiro. 

Ontem foi  31 de Outubro, data esta que já me foi muito cara.. Dia da Reforma Protestante!

Essa data esta marcada nas minhas lembranças de infância. Como filha de pastor protestante, sempre aguardávamos este dia. O Culto era muito especial, ensaiávamos o castelo Forte! Ahh o Castelo Forte, canção que me acompanhou em momentos de duvidas e dores profundas.  Os paramentos do Altar, os belos hinos, a solenidade do culto... Celebrar a Reforma Protestante me lembrava liberdade, fé, certeza. A Reforma era uma grande certeza, certeza de "voltar ao Evangelho Puro", que outrora havia sido deturpado pela Igreja Romana.

Porém algum tempo atras, essa liberdade deu lugar a uma sensação de prisão, a fé deu lugar a muitas duvidas e a certeza cedeu seu lugar para as inúmeras incertezas. A fé que eu considerava pura, se desvendou uma fé alicerçada não em Deus, mas em mãos humanas, mãos humanas pecadoras, assim como as minhas. Vieram noites de insônia, estudo, choro, questionamentos profundos, mais choro e mais insônia. Aos poucos percebi que não havia sido o Espirito Santo a me conduzir até ali. Sempre imaginei que para reformar a Igreja, preservar o Cristianismo, a Reforma fosse necessária, da forma como ela se estabeleceu: Ruptura, morte, sangue. Hoje vejo que não precisava ter sido assim.

Comecei a estudar a minha fé cristã procurando o ponto exato onde houve a separação: Até aqui foi o Evangelho pleno, a partir daqui a corrupção da doutrina através da Igreja Católica, porém esta ruptura não encontrei.

Fui luterana, o que me fez cristã pela graça de Deus... Guiada pelo Espírito Santo, conheci o cristianismo pleno na única Igreja fundada por Cristo e a ela aderi.

Com isto quero deixar claro que não renego e nem apago minha história. Guardo doces lembranças da minha infância dentro da Igreja. A excelente formação cristã que meu pai me deu, com certeza me auxiliou para chegar na decisão que oficializo hoje. Hoje vejo que o que de melhor, mais correto e mais puro que meu pai me ensino, foi o que de católico esta em mim.


Agradeço imensamente a Igreja Evangélica Luterana por tudo que vivi nesta comunidade. Todo o amor, apoio e caridade cristã que me foi apresentada durante todos esses anos, porém todo o meu amor por esta Igreja, todo meu carinho e respeito pelos pastores e membros desta Congregação não me salva, é somente minha vontade, meus sentimentos e minha história... E o que é isto perto da Verdade e do Amor de Deus? Nada.


Desde pequena, aprendi que “A Verdade vos Libertará”! Antes de dormir oravamos: "A Verdade vos Libertará", ao acordar pela manhã meditavamos: "A Verdade vos Libertará"... E hoje muito tempo depois dessas doces lembranças da minha infância, vejo o quanto esta Verdade Liberta. Pois a liberdade manifesta hoje no meu “Sim”, é muito diferente daquilo que eu considerava por "verdade" ao Celebrar a Reforma... O afastamento da Verdade não se celebra, não é motivo de alegria, e sim tristeza.


Iniciei sem perceber uma singela reforma, uma reforma muito importante. Reforma na minha alma.



Que Deus me ajude.

Sigo em nova/velha estrada. Com a Graça de Deus.